quarta-feira, 23 de maio de 2012

Criação com apego

A postagem de hoje é mais do que especial! É para comemorar um movimento lindo, em prol de um conceito que mudou minha vida. "Criação com apego". Eu sou adepta, sou adepta antes mesmo de saber que isso tinha um nome. Você sabe o que é?
A crianção com apego é o nome em português para o Attachment Parenting, termo cunhado pelo pediatra norteamericano William Sears, e tem como princípio básico a ideia de que a maternidade/paternidade deve incluir, ou melhor, deve ser uma relação afetiva intensa, com fortes vínculos entre pais e filhos, em uma relação que envolva o prontoatendimento, sempre com as melhores ferramentas que se tenha à mão, aos impulsos e desejos da criança. Eu sei, falando assim parece que estamos criando monstros mimados, mas trata-se do apelo seguro, e das respostas ás questões de cunho emocional e não tem nada, absolutamente nada a ver com dar tudo o que a criança quer ou deixá-la comer o que bem entender!


A criação com apego parte de oito princípios:
1 - preparação para gravidez, nascimento e maternagem (paternagem)
2 - alimentação com amor e respeito (bebês amamentados em livre demanda!!!)
3 - sempre responder ao bebê com sensibilidade
4 - criar os filhos baseando-se na ideia de que são seres sociais e que se apegam
5 - estender essas atitudes também ao período noturno
6 - fornecer carinho constante
7 - praticar a disciplina positiva (chamar atenção para os acertos ao invés dos erros)
8 - esforçar-se para o equilíbrio na vida pessoal e familiar.


Uma das coisas mais importantes para a compreensão desse conceito está no fato de acreditar que o bebê é um ser mentalmente incapaz de compreender a manipulação. Suas necessidades são imediatas, eles não têm noção de tempo, de espera, e, portando, querem ser atendidos imediatamente. Responder a esses anseios é dizer para eles que eles estão sendo compreendidos, e acreditar que, tendo as bases seguras, eles se formarão firmes, conscientes, tranquilos e pacíficos.



Quando eu engravidei, achava que tudo seria lindo e fácil, que a maternidade era sentar em uma poltrona branca, estando limpa, cheirosa, penteada e sorridente, e amamentar o bebê, com cortinas de tule esvoaçantes ao fundo. Qual minha surpresa quando meu filho nasceu e se mostrou um serzinho completamente dependente de mim e do meu seio! Miguel era (é) um bebê super mamão, e quando digo super, digo que seus intervalos de mamada nos 4 primeiros meses eram de 15 minutos! Nunca dormiu mais do que 4 horas seguidas, e é assim até hoje. 
Eu achei que fosse morrer!! Me desesperei! Chorava...
E pela necessidade de conseguir fazer outra coisa que não fosse amamentá-lo (nunca me passou pela cabeça dar mamadeira ou chupeta, mas isso é tema para outro post), e como, instintivamente, eu era completamente incapaz de deixá-lo chorar pelo tempo que fosse, eu descobri os sligs, esses panos de carregar bebê. Daí para conhecer a criação com apego foi um pulo.
E foi a melhor descoberta que eu poderia ter feito! Finalmente eu tinha um nome para dar para o que eu pensava ser certo, finalmente eu tinha argumentos, etatísticas, evidências contra tudo e todos que me diziam que eu estava criando um mostro.
Aqui em casa Miguel mama quando quer, e vai mamar até quando quiser. Ele dorme comigo boa parte da noite. Ele   não fica horas na frente da tv, nem minutos, nada! Ele está sempre comigo!! Vai de sling até hoje para todo lado. Ele nasceu de parto natural - o acontecimento mais fantástico e transformador pelo qual uma mulher pode passar. 

É um menino saudável, feliz, sorridente, simpático, inteligente, que sabe o que quer.
Eu me sinto honrada por ser mãe dele, pois ele sendo assim, do jeito que é, me ensinou e me ensina mais e mais a cada dia que o amor e o cuidado, o respeito às necessidades alheias, o desprendimento, são a melhor e mais eficiente saída para transformar o mundo em um lugar melhor, mais pacífico.

Não é fácil, ainda mais se você precisa lutar todo dia contra tudo e todos que querem fazer com que você acredite estar errada, mas eu sei, eu tenho certeza como nunca tive de  nada nessa vida, que eu estou certa.

Para finalizar esse post, gostaria de pedir às mães e pais que estejam lendo esse texto, que amem, cuidem e respeitem seus filhos, de verdade, pelo que são: seres humanos! E que, principalmente, não julguem quem opta por uma criação diferente do kit mamadeira + chupeta + andador + dvd + babá. Nós não somos excêntricos, apenas aceitamos a tarefa que nos foi dada: educar nossos filhos!

Aqui ficam as palavras do Dr. Carlos Gonzales, outro pediatra adepto à Criação com apego e que são, para mim, a melhor definição de tudo o que acho certo:

"Não existe nenhuma doença mental causada por um excesso de colo, de carinho, de afagos...Não há ninguém na prisão ou no hospício, porque recebeu colo demais, ou porque cantaram canções de ninar demais para ele, ou porque os pais deixaram que dormisse com eles. Por outro lado, há, sim, pessoas na prisão ou no hospício porque não tiveram pais, ou porque foram maltratados, abandonados ou desprezados pelos pais. E, contudo, a prevenção dessa doença mental imaginária, o estrago infantil crônico, parece ser a maior preocupação de nossa sociedade." 

Nenhum comentário:

Postar um comentário