quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eu e os coletores menstruais


Convenhamos, menstruação só é recebida com sorrisos quando há suspeita de uma gravidez indesejada. Do contrário, é um tempo de privação para a maioria das mulheres. Eu, quase sempre, me abstinha de calças claras, sexo e alguns esportes. Medo de vazar, de aparecer o sangue. Sangue, na nossa cultura, não é coisa boa. Mas como todo conceito deve ser questionado e repensado, decidi encarar a menstruação com outros olhos. A tarefa não foi fácil, porque o ciclo vinha e lá ia eu botar a fraldinha... Eu NUNCA gostei de absorventes! Acho quente, volumoso (não importa quantos modelos diferentes eles inventem), deixa um cheiro forte (não importa quantos aromas eles coloquem) e, no final das contas, até a menopausa, são milhões de moedinhas gastas. No começo era “só” isso que me incomodava. Comecei a usar absorventes internos, passando a gastar mais moedinhas por mês. Aí um dia eu descobri que os absorventes internos podem deixar resíduos no nosso corpo e causar infecções. É verdade que naquela época eu tinha problemas com fungos com uma frequencia chateadora, mas não estava relacionando aquilo ao uso do absorvente.
E aí, para piorar a situação, um dia me dei conta do lixo que eu estava produzindo com os restos da minha menstruação. O que é o sangue, limpo e lindo, parte do nosso ciclo de vida, perto dos montes de plástico e algodão alvejado que enviamos mensalmente aos lixões?
Aí eu pensei em usar os absorventes ecológicos – versões bonitinhas dos paninhos que as vovós usavam – mas o problema do calor e do cheiro provavelmente continuaria... Sem falar no transtorno pra trocar em banheiros públicos. Há quem tenha se adaptado, mas eu achei que não resolveria de modo integral meu dilema, então confesso que nem tentei.
Foi quando, mexendo em um site sobre vegetarianismo, li uma reportagem sobre os coletores menstruais.

Copinhos de silicone que formam um vácuo e coletam o sangue.
  • O material dos coletores é silicone médico, testado e aprovado. Não causa alergias. (Há alguns modelos de látex, mas pouca gente usa, porque, além de serem mais feiosos, podem causar alergia.)
  • O sangue não entra em contato com o ar, logo, não oxida e não altera o pH vaginal.
  • Ou seja, adeus fungos, bactérias e demais incômodos!
  • São ecológicos e econômicos, pois, apesar de custarem em torno de 85,00, duram 10 anos (segundo recomendações dos fabricantes).
  • Não ocupam espaço na bolsa!
  • Podem ser usados por até 12 horas, dependendo do fluxo da mulher.
  • Não precisa ser retirado para fazer xixi ou cocô.
  • Não atrapalha a prática de esportes (inclusive aquáticos!).
  • E, uma coisa que eu só descobri recentemente (me contaram, mas eu ainda não testei): possibilita um sexo oral limpinho!!
E os coletores funcionam na base do “lavou, tá novo”. Durante o ciclo, é só lavar com água corrente e, se quiser, sabonete neutro (tem que ser neutro!!). Ao final, você deixa ferver de 2 a 5 minutos e guarda num saquinho de tecido (que acompanha a maioria dos coletores) até o próximo ciclo.

Pronto, decidi que eu queria um coletor!
Aí foi que descobri que existem várias marcas no mercado internacional, e que os coletores existem desde 1930! Começou então a busca para escolher qual seria o meu coletor e, pra quem vai comprar, ficam as dicas:
Dependendo da marca, há variação no formato e no volume. Algumas marcas fazem coletores coloridos! Algumas fazem cabinhos variados (mas, no meu caso, eu cortei o cabinho todo, porque estava me cutucando – isso varia de mulher pra mulher). E um detalhe importante, na minha opinião, é que não tenham marcas ou escritos na superfície, para não juntar resíduo de sangue – alguns fabricantes colocam seu nome, ou site, ou números em alto relevo, o que pode dificultar a higiene do coletor. Outro detalhe é que a maioria das marcas possui dois ou mais tamanhos, um geralmente indicado para mulheres até 25 anos ou que não tiveram parto vaginal, e outro para mulheres acima de 25 anos ou que tiveram parto vaginal. A verdade é que isso não é bem assim. (Meu primeiro coletor foi um tamanho pequeno e eu tive vazamentos, então eu acho que é sempre melhor comprar o tamanho grande, até porque ele dura 10 anos e, nesse meio tempo, quem não teve filho ainda pode querer ter, ou simplesmente porque a diferença não é tão grande que possa ser notada pelo canal vaginal como um incômodo, mas é grande o suficiente para evitar vazamentos).

Bem, aí, pensando nisso tudo, e vendo comparações feitas por uma moça chamada Melissa, que parece que passa a vida testando coletores e facilitando a vida das novas  usuárias, decidi que queria um LadyCup. Convenci mais 3 amigas a pedirem comigo, para dividir o frete, comprei, recebi sem problemas e adorei usar! Tive o problema com o vazamento durante dois ciclos, porque acabei ficando com um tamanho pequeno. Minhas amigas, que ficaram com tamanhos grandes, usaram, usam e amam! Depois pedi um tamanho grande e, logo depois engravidei! Ou seja, não usei tanto quanto gostaria, mas comecei a divulgar e a comprar para vender no Brasil, funcionando como um canal para as novas usuárias, tirando dúvidas, fazendo os pedidos (botando meu cartão de crédito na rede e me arriscando a ter que pagar tarifas alfandegárias... É um risco que sempre corro, mas ainda não tive problemas.) Comprar pela internet em sites estrangeiros é fácil, só precisa ter um cartão de crédito e fazer uma conta no PayPal.

O sangue agora tem outro aspecto, outra mensagem, outro cheiro. É a renovação do corpo, é um líquido rico em ferro e nutrientes, que pode ser diluído e usado para regar plantas – ainda não fiz, mas quem tem canteirinho em casa diz que elas renascem! O coletor me fez me relacionar com meu corpo de um modo diferente, compreendendo melhor a musculatura vaginal, perdendo o nojo do meu sangue, e me trazendo uma paz por saber que estou contribuindo com a limpeza do nosso planeta.
Depois dos coletores, entraram na minha vida as fraldas de pano: ecológicas, econômicas e saudáveis! Mas isso é assunto para um outro dia... ;)



Este texto foi escrito por mim para o site Mulher Esperta, em Agosto de 2010.

Cópia e distribuição autorizadas somente com citação da fonte.



Tem um relato sobre coletores menstruais? Deixe um comentário para compartilhar com a gente!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Artigo sobre fraldas de pano do jornal "O Fluminense"

Bom dia! Eu sou a Ana Carolina, ou melhor, a Carol, dona da loja ecco, mama! e mãe da Aurora, agora com 8 meses. Recentemente fui entrevistada sobre o uso de fraldas de pano em nossa casa. Outras mulheres participaram da entrevista, que ficou bem bacana! Segue aqui a matéria, na íntegra. Acho que só faltou divulgar mais o nome das marcas encontradas no Brasil e locais de venda (mesmo que a maioria ainda seja virtual), mas talvez isso não fizesse parte da proposta do jornal. Num próximo artigo vou falar sobre as marcas nacionais e seus sites, ótimo para quem está buscando informações.

Mães conscientes embarcam no conceito de sustentabilidade e voltam no tempo


Por: Prisca Fontes 08/05/2011


Quando se fala em fraldas para bebês, duas opções vêm à mente: as fraldas de pano antigas ou as fraldas descartáveis. As fraldas de pano, dobradas em triângulo e presas com alfinetes, deixam a pele do bebê respirar, mas não seguram o xixi e exigem longas horas no tanque para ficarem limpas. As fraldas descartáveis são práticas, mas geram uma grande quantidade de lixo e facilitam o aparecimento de assaduras. Tentando escapar dessas duas alternativas, algumas mães procuram outra solução: as fraldas de pano modernas.
Ecológicas, numa versão adaptada das calças enxutas e com modelo que imita as descartáveis, as novas fraldas feitas de pano possuem um tecido absorvente que pode ser trocado. A proposta é ter uma fralda que una a praticidade das fraldas descartáveis com o conforto e higiene das fraldas de pano. A iniciativa ainda é pequena no Brasil, mas as fraldas de pano modernas são bastante comuns na Europa e nos Estados Unidos.
Existem basicamente três modelos: “all-in-one”, onde o absorvente e a capa são costurados juntos, formando um conjunto único; o modelo capa, composto de três camadas – tecido externo, tecido impermeável e forro, onde se coloca o absorvente por cima e o modelo de capa com suporte impermeável, onde o tecido absorvente é colocado no suporte impermeável e a cada troca só é preciso retirar o absorvente, que pode ser feito de qualquer tecido dobrado, inclusive flanelas e fraldas de pano antigas.
Antes mesmo de Aurora nascer, Ana Carolina havia decidido que não usaria as descartáveis. Foto: Marcello Almo

Antes mesmo de Aurora nascer, Ana Carolina havia decidido que não usaria as descartáveis. Foto: Marcello Almo

A mineira Ana Carolina Carvalho, de 24 anos, descobriu as fraldas de pano modernas através da internet.  Ela faz parte de uma lista de discussão online, onde mães trocam informações, experiências e, inclusive, fraldas que já não servem mais ou às quais o bebê não se adaptou. Ela experimentou os três modelos de fraldas em sua filha, Aurora, antes de decidir pelas fraldas de pano modernas.
“Usamos as fraldas descartáveis apenas no primeiro mês. Alguns modelos va. Além disso, são de plástico! Se o absorvente, que só é utilizado por cinco dias a cada mês, já dá uma sensação de calor e desconforto, imagine um bebê que usa fraldas durante 700 dias ininterruptos? As fraldas de pano tradicionais são ótimas, mas dão mais trabalho porque você precisa fazer aquela dobra em triângulo e colocar a calça plástica no bebê para não molhar o carrinho ou colchão, o que também esquenta a pele” conta.
A decisão final de Ana Carolina foi pelas fraldas de pano modernas, porque alguns modelos podem ser tão práticos quanto as descartáveis, já que não requerem a troca dos absorventes.
Ela explica que a maior dificuldade com as fraldas modernas é conhecer os vários modelos e descobrir qual vai funcionar melhor com cada bebê. Além do benefício ecológico, a mãe percebeu que estava fazendo um bem enorme à pele da filha: em caso de assadura, recomenda-se deixar o bebê com fralda de pano ou sem fralda, então seria melhor para Aurora usar as fraldas de pano em tempo integral.
Quando Ana Carolina descobriu que poderia gastar metade do dinheiro que usaria se fosse comprar fraldas descartáveis, não teve mais dúvidas e abraçou de vez as fraldas de pano modernas.
"Aurora nem usa tapa fralda, porque as estampas são um charme! Também posso misturar modelos de fraldas e absorventes, obtendo a melhor combinação para uso diurno ou noturno. Um tecido absorvente de algodão, por exemplo, quase não mancha e dificilmente fica com cheiro de xixi. Já a microfibra é um tecido que retém mais líquido, deixando a fralda menos volumosa, mas absorve o sabão facilmente, podendo deixar um cheiro ruim quando o bebê urina”, explica.
O procedimento da troca da fralda é o mesmo das fraldas descartáveis, mas geralmente não é necessário passar a pomada para assaduras. Em vez de jogar no lixo, a fralda suja vai para um balde com água e sabão e fica de molho até a lavagem na máquina. Ana Carolina perde em média 45 minutos por dia na lavagem das fraldas de pano, mas diz que vale a pena por não ter que se preocupar em sair para comprar fraldas ou cremes para assaduras.
Ela admite que, dependendo do modelo, algumas fraldas ecológicas podem vazar e que é preciso garantir que ela esteja bem ajustada ao corpinho do bebê, para evitar que a urina escape pelas pernas ou pela cintura. Ela recomenda que as mães não comprem fraldas iguais, mas que invistam em modelos e marcas diferentes para ver qual funciona melhor.
A pediatra Eliane Maria da Fonseca, especializada em incontinência urinária e retirada de fralda e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que não existem evidências científicas de que as fraldas descartáveis provoquem mais assaduras ou alergias na pele do bebê. Segundo a médica, o maior problema desse tipo de fralda é que ela passa a falsa ideia de que pode aguentar a urina e as fezes por mais tempo.
“A fralda tem que ser trocada assim que sujar, senão ela fica úmida e quente, oferecendo um ambiente ideal para a proliferação de fungos, que podem causar de dermatite e assaduras a infecções bacterianas secundárias. O creme de assadura também é utilizado mais do que deveria: ele só deve usado em caso de assaduras e não como medida preventiva. Outras recomendações importantes é que o bebê não fique de fralda o dia todo e que as mães evitem o lenço umedecido, lavando a criança com água e sabão.”
Eliane ressalta que as fraldas descartáveis também diminuem a noção da mãe sobre a quantidade e frequência da urina e fezes do filho, além de dificultar que o bebê adquira o controle esfincteriano – como a criança não se sente molhada, o desfralde demora a acontecer.
Para evitar o desperdício
No chá de bebê, Layana Lossë pediu para os amigos a presentearem com fraldas de pano. Foto: Evelen Gouvêa

No chá de bebê, Layana Lossë pediu para os amigos a presentearem com fraldas de pano. Foto: Evelen Gouvêa
A ideia de uma fralda de pano prática também seduziu a fotógrafa Layana Lossë, de 26 anos, que desde que soube que estava grávida procurou alternativa para as fraldas descartáveis. Impressionada com a quantidade de fraldas usada pelo primeiro filho, Layana decidiu investir nas fraldas de pano no enxoval de Amora, sua segunda filha.

“Fizemos essa opção por dois motivos: a saúde e conforto do bebê e  a questão ecológica. As fraldas descartáveis são feitas com materiais sintéticos, branqueadores e substâncias químicas que agridem a pele do bebê e provocam assaduras e alergias. E, depois, porque a quantidade de lixo gerada por estas fraldas descartáveis é absurda, cerca de 2% de todo o lixo doméstico do planeta”, explica.
Para o chá de bebê, o casal pediu que os convidados levassem apenas fraldas de pano. A gestante também ressalta que essas fraldas são desenvolvidas para serem confortáveis, com ajuste nas pernas e na cintura, e que muitas são produzidas com tecidos orgânicos antialérgicos.

Fraldas do neto como chamariz para clientes
Patrícia Allen passou a fazer as fraldas do neto Gabriel e depois começou a receber pedidos. Foto: Livia Villas Boas

Patrícia Allen passou a fazer as fraldas do neto Gabriel e depois começou a receber pedidos. Foto: Livia Villas Boas
A artista plástica e costureira Patricia Allen, 58, começou a fazer fraldas de pano modernas para ajudar a filha, que decidiu abolir as fraldas descartáveis do pequeno Gabriel. Ela pesquisou e fez várias adaptações até chegar ao modelo definitivo: a fralda ‘Cresce com o bebê’, que possui botões de pressão que aumentam e diminuem seu tamanho. Há dez meses, Patrícia deixou a produção exclusiva para o neto e começou a vender as fraldas pela internet e garante que a procura só tem aumentado.
“Eu vendo, em média, 20 fraldas por mês. Há muita mãe consciente de que a fralda descartável é nociva ao meio ambiente e também aquelas com bebês alérgicos ou que ficam assados com essas fraldas”, diz Patrícia, que criou fraldas com diferentes estampas.

Conscientização virou negócio
A empresária Aline Dias, de 28 anos, descobriu as fraldas de pano modernas quando ficou grávida de gêmeas. Pelas suas contas, ela teria comprado mais de 13 mil fraldas descartáveis e gasto por volta de R$ 7,5 mil, sem contabilizar os cremes para assaduras. Ela encomendou vários modelos de fraldas ecológicas importadas e escolheu o que melhor se adaptou ao clima brasileiro e às necessidades de Luisa e Julia. O produto agradou tanto que a família inteira decidiu entrar no negócio e hoje Aline é diretora da Efral, uma fábrica de fraldas ecológicas.

Julia e Luiza vestem os modelos produzidos pela fábrica da mamãe, a empresária Aline Dias. Foto: Divulgação/Efral

“Usamos a experiência adquirida com as meninas para desenvolver uma fralda para o mercado brasileiro que secasse rápido, mas não fosse quente e tivesse tecidos naturais em sua composição. Passamos quase um ano fazendo testes e adaptando o produto até ele ser lançado. Estamos há apenas quatro meses no mercado, mas já vendemos 1,2 mil unidades de fraldas e aproximadamente 4 mil unidades de absorventes”
Aline confirma que a procura por produtos ecológicos está crescendo - quando começaram a produzir as fraldas, em 2010, fizeram pesquisas com o público, que mostraram que apenas uma em cada 30 pessoas já tinha ouvido falar das fraldas de pano modernas. Na última pesquisa, feita esse ano, a proporção aumentou para uma em cada 12. 
As fraldas artesanais custam em média R$ 36 e devem ser encomendadas pela internet, enquanto as fraldas de pano industrializadas podem ser encontradas por R$ 25 em média, em lojas na Zona Sul do Rio, Barra, Petrópolis, além de feiras de bebê e gestante.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ecco, mama!

ecco, mama!, é "Aqui, mamãe!" em italiano.
Imagine uma criança que puxa a mão da mãe, convidando-a a olhar para uma vitrine. Ecco, mama!
Exatamente, é aqui!
O que tem na vitrine da nossa loja é o velho e o novo, é o velho repaginado, é o moderno usado com consciência. Queremos dar esse puxão nas mãos - e nas orelhas! -, num pedido sincero de todos os filhos da Terra para que mães e pais repensem o impacto que cada nova criança gera. Já ouvi alguém dizer que para cada filho que nasce, deveríamos plantar não sei quantas árvores, porque é o que cada novo ser vai consumir em sua vida. Nossa proposta vai além. Não é apenas repor o que será tirado, é tirar menos, é consumir menos, é gerar menos lixo e é, como não poderia deixar de ser CUIDAR - de nossos filhos, sem deixar de cuidar do planeta.


ecco, mama! Sua loja de alternativas reutilizáveis. Porque o mundo não é descartável.