quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Marcha pela Humanização do Parto

Creio que a essa altura, e se nós estivermos fazendo bem o nosso trabalho, vocês já estão sabendo que domingo, dia 05/08, nós teremos uma Marcha pela Humanização do Parto. O evento acontecerá em diversas cidades do país, e no Rio de Janeiro, começará às 14h, na Praia de Ipanema, em frente ao posto 9.



Nossa mobilização começou depois do CREMERJ divulgar as famigeradas resoluções impedindo a entrada de doulas, enfermeiras obstetrizes, parteiras e etc. (sim, eles escreveram etc...) no acompanhamento de parto hospitalar, bem como ameaça médicos que acompanharem partos domiciliares ou ainda que fiquem de retaguarda para mulheres que desejam o parto domiciliar. Ok, isso tudo a gente já sabe que é um absurdo, e vamos marchar contra isso. Mas vamos marchar também contra a violência obstétrica, esse fantasma horrendo que assombra as mulheres, mesmo sem saber, antes, durante e depois seus trabalhos de parto/cirurgias. Tem tanta coisa que é violência obstétrica e que cria marcas profundas físicas e emocionais que a maioria das pessoas nem sabe que existe! Aqui cito algumas delas:

- não permitir a entrada do acompanhante de escolha da mulher, antes, durante e após o nascimento;
- injeção de "sorinho", que na verdade se trata de ocitocina sintética e pode causar rompimento de útero e sofrimento fetal, além de tornar as contrações mais dolorosas e intensas;
- episiotomia de rotina: há 30 anos já se sabe que o corte não protege o períneo, pelo contrário, aumenta as chances de rompimento além de ter uma cicatrização muito mais lenta e complexa do que uma eventual laceração natural;
- não permitir que a mulher se expresse verbalmente ou se mova livremente durante o trabalho de parto, buscando vocalizações e posições que ajudem a passar pelo processo, isso também é violência;
- direcionar os puxos, ou seja, dizer à mulher quando fazer força, além de aumentar as chances de laceração do períneo e não adiantar, só faz deixar o trabalho de parto mais cansativo;
- subir na barriga!!! é inacreditável como tem gente que ainda faça disso um procedimento médico de rotina... pode causar rompimento de útero, além de aumentar e muito as chances de laceração grave de períneo;
- tricotomia... a mulher não precisa ser depilada para parir! e se precisar de uma cirurgia, dá para raspar os pêlos na hora, e só onde será feita a incisão;
- posição litotômica: gente! parir deitada torna a tarefa muito mais difícil! deixem que as mulheres se mexam, o corpo sabe o que fazer, e as posições de cócoras, na banqueta, de 4, de pé, na água... ufa... é tudo tão mais agradável!
- não permitir que o recém-nascido vá imediatamente para o colo da mãe: impedir o contato pele-com-pele imediato e a amamentação na primeira hora é um fator crucial no agravamento da distância entre mãe e bebê, além de ser traumático para ambos;
- quanto às demais intervenções no recém-nascido: colírio, aspiração, esfregação, "tapinha no bumbum", nada disso é preciso! bebês que nascem de forma natural estão prontos e resguardados. Alguns pouquíssimos casos necessitam de algum tipo de ajuda, e fazer disso uma rotina é violentar e desumanizar o nascimento;
- impedir o alojamento conjunto é violência obstétrica!
...  e a lista continua...

Deixem as mulheres em paz!!!



Não é papo de maluca, não é papo de mal amada..é papo de quem acredita que a forma de nascer é crucial para a formação do vínculo mãe e bebê, e crucial para o estabelecimento de uma relação familiar mais amorosa com a chegada do novo membro. Além do que dignidade é um direito de todos!

É por essas e outras que convoco à todas as mulheres, seus companheiros, filhos, amigos e familiares, a se juntarem à nós nessa linda caminhada. Nossas ações já derrubaram as resoluções em primeira instância, mas esse é só o começo da luta!

VAMOS MARCHAR!!!

Eu tenho certeza de que estamos fazendo a diferença! Tenho certeza de que chegará o dia em que mulheres passarão plenas e satisfeitas pela experiência do parto, e que isso fará delas mães mais fortes, e do vínculo com seus bebês mais estreito. Tenho certeza de que em breve nascer e amor serão sinônimos, e que por conta disso nossa sociedade se transformará! 


ps: você pode estar se perguntando "o que isso tem a ver com fraldas de pano?" mas quer um ato mais sustentável do que parir naturalmente... ?