quarta-feira, 25 de maio de 2011

Artigo sobre fraldas de pano do jornal "O Fluminense"

Bom dia! Eu sou a Ana Carolina, ou melhor, a Carol, dona da loja ecco, mama! e mãe da Aurora, agora com 8 meses. Recentemente fui entrevistada sobre o uso de fraldas de pano em nossa casa. Outras mulheres participaram da entrevista, que ficou bem bacana! Segue aqui a matéria, na íntegra. Acho que só faltou divulgar mais o nome das marcas encontradas no Brasil e locais de venda (mesmo que a maioria ainda seja virtual), mas talvez isso não fizesse parte da proposta do jornal. Num próximo artigo vou falar sobre as marcas nacionais e seus sites, ótimo para quem está buscando informações.

Mães conscientes embarcam no conceito de sustentabilidade e voltam no tempo


Por: Prisca Fontes 08/05/2011


Quando se fala em fraldas para bebês, duas opções vêm à mente: as fraldas de pano antigas ou as fraldas descartáveis. As fraldas de pano, dobradas em triângulo e presas com alfinetes, deixam a pele do bebê respirar, mas não seguram o xixi e exigem longas horas no tanque para ficarem limpas. As fraldas descartáveis são práticas, mas geram uma grande quantidade de lixo e facilitam o aparecimento de assaduras. Tentando escapar dessas duas alternativas, algumas mães procuram outra solução: as fraldas de pano modernas.
Ecológicas, numa versão adaptada das calças enxutas e com modelo que imita as descartáveis, as novas fraldas feitas de pano possuem um tecido absorvente que pode ser trocado. A proposta é ter uma fralda que una a praticidade das fraldas descartáveis com o conforto e higiene das fraldas de pano. A iniciativa ainda é pequena no Brasil, mas as fraldas de pano modernas são bastante comuns na Europa e nos Estados Unidos.
Existem basicamente três modelos: “all-in-one”, onde o absorvente e a capa são costurados juntos, formando um conjunto único; o modelo capa, composto de três camadas – tecido externo, tecido impermeável e forro, onde se coloca o absorvente por cima e o modelo de capa com suporte impermeável, onde o tecido absorvente é colocado no suporte impermeável e a cada troca só é preciso retirar o absorvente, que pode ser feito de qualquer tecido dobrado, inclusive flanelas e fraldas de pano antigas.
Antes mesmo de Aurora nascer, Ana Carolina havia decidido que não usaria as descartáveis. Foto: Marcello Almo

Antes mesmo de Aurora nascer, Ana Carolina havia decidido que não usaria as descartáveis. Foto: Marcello Almo

A mineira Ana Carolina Carvalho, de 24 anos, descobriu as fraldas de pano modernas através da internet.  Ela faz parte de uma lista de discussão online, onde mães trocam informações, experiências e, inclusive, fraldas que já não servem mais ou às quais o bebê não se adaptou. Ela experimentou os três modelos de fraldas em sua filha, Aurora, antes de decidir pelas fraldas de pano modernas.
“Usamos as fraldas descartáveis apenas no primeiro mês. Alguns modelos va. Além disso, são de plástico! Se o absorvente, que só é utilizado por cinco dias a cada mês, já dá uma sensação de calor e desconforto, imagine um bebê que usa fraldas durante 700 dias ininterruptos? As fraldas de pano tradicionais são ótimas, mas dão mais trabalho porque você precisa fazer aquela dobra em triângulo e colocar a calça plástica no bebê para não molhar o carrinho ou colchão, o que também esquenta a pele” conta.
A decisão final de Ana Carolina foi pelas fraldas de pano modernas, porque alguns modelos podem ser tão práticos quanto as descartáveis, já que não requerem a troca dos absorventes.
Ela explica que a maior dificuldade com as fraldas modernas é conhecer os vários modelos e descobrir qual vai funcionar melhor com cada bebê. Além do benefício ecológico, a mãe percebeu que estava fazendo um bem enorme à pele da filha: em caso de assadura, recomenda-se deixar o bebê com fralda de pano ou sem fralda, então seria melhor para Aurora usar as fraldas de pano em tempo integral.
Quando Ana Carolina descobriu que poderia gastar metade do dinheiro que usaria se fosse comprar fraldas descartáveis, não teve mais dúvidas e abraçou de vez as fraldas de pano modernas.
"Aurora nem usa tapa fralda, porque as estampas são um charme! Também posso misturar modelos de fraldas e absorventes, obtendo a melhor combinação para uso diurno ou noturno. Um tecido absorvente de algodão, por exemplo, quase não mancha e dificilmente fica com cheiro de xixi. Já a microfibra é um tecido que retém mais líquido, deixando a fralda menos volumosa, mas absorve o sabão facilmente, podendo deixar um cheiro ruim quando o bebê urina”, explica.
O procedimento da troca da fralda é o mesmo das fraldas descartáveis, mas geralmente não é necessário passar a pomada para assaduras. Em vez de jogar no lixo, a fralda suja vai para um balde com água e sabão e fica de molho até a lavagem na máquina. Ana Carolina perde em média 45 minutos por dia na lavagem das fraldas de pano, mas diz que vale a pena por não ter que se preocupar em sair para comprar fraldas ou cremes para assaduras.
Ela admite que, dependendo do modelo, algumas fraldas ecológicas podem vazar e que é preciso garantir que ela esteja bem ajustada ao corpinho do bebê, para evitar que a urina escape pelas pernas ou pela cintura. Ela recomenda que as mães não comprem fraldas iguais, mas que invistam em modelos e marcas diferentes para ver qual funciona melhor.
A pediatra Eliane Maria da Fonseca, especializada em incontinência urinária e retirada de fralda e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que não existem evidências científicas de que as fraldas descartáveis provoquem mais assaduras ou alergias na pele do bebê. Segundo a médica, o maior problema desse tipo de fralda é que ela passa a falsa ideia de que pode aguentar a urina e as fezes por mais tempo.
“A fralda tem que ser trocada assim que sujar, senão ela fica úmida e quente, oferecendo um ambiente ideal para a proliferação de fungos, que podem causar de dermatite e assaduras a infecções bacterianas secundárias. O creme de assadura também é utilizado mais do que deveria: ele só deve usado em caso de assaduras e não como medida preventiva. Outras recomendações importantes é que o bebê não fique de fralda o dia todo e que as mães evitem o lenço umedecido, lavando a criança com água e sabão.”
Eliane ressalta que as fraldas descartáveis também diminuem a noção da mãe sobre a quantidade e frequência da urina e fezes do filho, além de dificultar que o bebê adquira o controle esfincteriano – como a criança não se sente molhada, o desfralde demora a acontecer.
Para evitar o desperdício
No chá de bebê, Layana Lossë pediu para os amigos a presentearem com fraldas de pano. Foto: Evelen Gouvêa

No chá de bebê, Layana Lossë pediu para os amigos a presentearem com fraldas de pano. Foto: Evelen Gouvêa
A ideia de uma fralda de pano prática também seduziu a fotógrafa Layana Lossë, de 26 anos, que desde que soube que estava grávida procurou alternativa para as fraldas descartáveis. Impressionada com a quantidade de fraldas usada pelo primeiro filho, Layana decidiu investir nas fraldas de pano no enxoval de Amora, sua segunda filha.

“Fizemos essa opção por dois motivos: a saúde e conforto do bebê e  a questão ecológica. As fraldas descartáveis são feitas com materiais sintéticos, branqueadores e substâncias químicas que agridem a pele do bebê e provocam assaduras e alergias. E, depois, porque a quantidade de lixo gerada por estas fraldas descartáveis é absurda, cerca de 2% de todo o lixo doméstico do planeta”, explica.
Para o chá de bebê, o casal pediu que os convidados levassem apenas fraldas de pano. A gestante também ressalta que essas fraldas são desenvolvidas para serem confortáveis, com ajuste nas pernas e na cintura, e que muitas são produzidas com tecidos orgânicos antialérgicos.

Fraldas do neto como chamariz para clientes
Patrícia Allen passou a fazer as fraldas do neto Gabriel e depois começou a receber pedidos. Foto: Livia Villas Boas

Patrícia Allen passou a fazer as fraldas do neto Gabriel e depois começou a receber pedidos. Foto: Livia Villas Boas
A artista plástica e costureira Patricia Allen, 58, começou a fazer fraldas de pano modernas para ajudar a filha, que decidiu abolir as fraldas descartáveis do pequeno Gabriel. Ela pesquisou e fez várias adaptações até chegar ao modelo definitivo: a fralda ‘Cresce com o bebê’, que possui botões de pressão que aumentam e diminuem seu tamanho. Há dez meses, Patrícia deixou a produção exclusiva para o neto e começou a vender as fraldas pela internet e garante que a procura só tem aumentado.
“Eu vendo, em média, 20 fraldas por mês. Há muita mãe consciente de que a fralda descartável é nociva ao meio ambiente e também aquelas com bebês alérgicos ou que ficam assados com essas fraldas”, diz Patrícia, que criou fraldas com diferentes estampas.

Conscientização virou negócio
A empresária Aline Dias, de 28 anos, descobriu as fraldas de pano modernas quando ficou grávida de gêmeas. Pelas suas contas, ela teria comprado mais de 13 mil fraldas descartáveis e gasto por volta de R$ 7,5 mil, sem contabilizar os cremes para assaduras. Ela encomendou vários modelos de fraldas ecológicas importadas e escolheu o que melhor se adaptou ao clima brasileiro e às necessidades de Luisa e Julia. O produto agradou tanto que a família inteira decidiu entrar no negócio e hoje Aline é diretora da Efral, uma fábrica de fraldas ecológicas.

Julia e Luiza vestem os modelos produzidos pela fábrica da mamãe, a empresária Aline Dias. Foto: Divulgação/Efral

“Usamos a experiência adquirida com as meninas para desenvolver uma fralda para o mercado brasileiro que secasse rápido, mas não fosse quente e tivesse tecidos naturais em sua composição. Passamos quase um ano fazendo testes e adaptando o produto até ele ser lançado. Estamos há apenas quatro meses no mercado, mas já vendemos 1,2 mil unidades de fraldas e aproximadamente 4 mil unidades de absorventes”
Aline confirma que a procura por produtos ecológicos está crescendo - quando começaram a produzir as fraldas, em 2010, fizeram pesquisas com o público, que mostraram que apenas uma em cada 30 pessoas já tinha ouvido falar das fraldas de pano modernas. Na última pesquisa, feita esse ano, a proporção aumentou para uma em cada 12. 
As fraldas artesanais custam em média R$ 36 e devem ser encomendadas pela internet, enquanto as fraldas de pano industrializadas podem ser encontradas por R$ 25 em média, em lojas na Zona Sul do Rio, Barra, Petrópolis, além de feiras de bebê e gestante.

Um comentário:

  1. Esse assunto a mídia deveria evidenciar muito mais!
    Conscientização de um mundo mais limpo e sustentável.

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